domingo, 14 de maio de 2017

A 13 de Maio

Peco por tardio nesta era do imediatismo, mas eis o que tenho a dizer sobre o que se passou no dia de ontem:

I. Visita do Papa Francisco

Veio o Papa e tudo correu bem, como estávamos todos à espera. Fátima, "altar do mundo", assistiu à imponente manifestação de fé, mas assistiu também a algo que vou descrever umas linhas abaixo.
Não acompanhei a celebração da eucaristia [o Facebook marcou-me erro ortográfico na palavra "eucaristia"!], mas pelo que me pude aperceber o Papa abordou a questão da inclusão de todos os desfavorecidos. Lógico e nada surpreendente.
Mas enquanto ia a caminho da pista do Vale da Rosa, procurei acompanhar na rádio informações sobre o que se passara antes. Nisto, é entrevistado um peregrino, ao qual se pergunta sobre o que tinha a dizer sobre a mensagem veiculada por Francisco. O homem começa por anunciar que muitos peregrinos pernoitaram em Minde: no pavilhão municipal, nos bombeiros, etc. Continuou a promover Minde até lhe ter sido cortada a palavra, à boa maneira de um autarca, que nunca se veio a saber se o era ou não.
O jornalista pediu-lhe que não se desviasse do assunto inicial. A resposta foi esta: "eu confesso que não prestei muita atenção ao discurso do Papa... o importante era mesmo a vinda do Papa; eu sou católico... mas católico à minha maneira".
Podia ter logo confessado que andou a manhã toda no telemóvel a tirar fotos e a passar o tempo à espera que a celebração acabasse.

II. Benfica

O Benfica lá conseguiu arrecadar mais um título nacional, mesmo jogando como jogou. Foi porque os rivais ainda foram mais fracos. Ora, se andei aqui a época toda a mandar abaixo o Benfica, não iria agora fazer a festa, pois não vejo motivos para festa nenhuma. Fico sempre mais enfadado com os desaires que alegre com as vitórias.
Não se pense que Luís Filipe Vieira passa a ser considerado um vencedor, até porque desde que exerce funções como presidente do Benfica (desde Outubro de 2003), o destino dos 13 troféus de campeão nacional teve a seguinte distribuição: 8 para o museu do Porto, 5 para o museu Cosme Damião. Não chega a 50% de sucesso e ainda não chega lá tão cedo. Já em relação ao troféu de 2016/2017, apesar de pertencer ao Benfica, será exposto no museu do Sporting, uma vez que o espaço já lá está reservado desde Julho de 2016, como se pode ver por aqui: Ainda estamos à espera

III. Eurovisão

Como os milagres tinham de acontecer a 13 de Maio, eis que Portugal venceu o Festival Eurovisão da Canção, feito equiparado à conquista do Campeonato da Europa de Futebol, às medalhas de ouro de Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro e Nélson Évora, aos prémios Nobel de Egas Moniz e José Saramago e à nomeação para secretário-geral das Nações Unidas de António Guterres. A esta altura já António Pedro Vasconcelos estará a pensar que "o Oscar de 2018 já cá canta".
Regressando ao que se passou na Ucrânia: Salvador Sobral tornou-se um herói, depois de habilmente conseguir ter vendido a toda a gente a imagem de um "ingénuo simples e alucinado" que, contrariamente a muitos dos outros concorrentes, percebia e sentia aquilo que cantava (era só o que faltava ele não perceber português...).
Não sou muito entendido em música e gostei mais de outras músicas do que da dele, até porque para mim a música não é uma arte visual. Eu OUÇO música, não vejo música. E também não avalio a qualidade de uma produção artística pela nacionalidade do seu intérprete. Mas também não coloco em causa as votações, que foram inequívocas, e só me resta dar os parabéns à Maria Leal invertida.