sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Portugal e os Jogos Olímpicos de Inverno

Começam hoje na estância balnear (!) russa de Soči os Jogos Olímpicos de Inverno.
Portugal estará representado por dois atletas, os luso-descendentes Camille Dias e Arthur Hanse; a primeira não fala português, o segundo não sei. Ambos participarão no esqui alpino.

Estará Portugal condenado a ser uma eterna nulidade nos Jogos Olímpicos de Inverno? Eu creio que não, porque em teoria há uma série de modalidades nas quais Portugal poderia um dia obter classificações de destaque.
Quando pensamos em desportos de inverno, os países que nos vêm à cabeça são estes: Alemanha, Rússia, Canadá, Estados Unidos, Noruega, Suécia, Finlândia, Suíça, Áustria e Itália e França. Em todos estes países, como se sabe cai muita neve. E se formos aos desportos de inverno que se disputam na neve, estes países ainda se destacam mais. Portanto, não é crível que surjam resultados de relevo em desportos como o esqui alpino, o snowboard, o esqui de fundo, o combinado nórdico e o biatlo.
Mas há desportos no gelo e há desportos em que o factor neve não é tão decisivo.
Nos saltos de esqui a perícia está no salto em si, e não no facto de se saber pôr os esquis na neve. Eles nem andam...
O gelo é muito mais fácil de arranjar que a neve. Ciclicamente surgem notícias sobre pistas de gelo um pouco por todo o país, para pura recreação. Mas daí podem surgir patinadores de velocidade e patinagem artística (já os há, mas sem gelo) ou equipas de curling. Hóquei no gelo já tenho mais dúvidas, mas como parece que há gente que gosta mais da NHL do que de hóquei em patins...
O que disse sobre os saltos de esqui também se aplica ao skeleton, ao luge e ao bobsleigh: dependem mais da perícia do atleta (ou da equipa) do que do facto de ser no gelo.

Vamos ver o que acontece. Às vezes surgem fenómenos...

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Palermices dos últimos cinco anos

Certamente o leitor já deu conta de certas modas, umas mais passageiras que outras, que só tornaram ridículos todos aqueles que delas fizeram uso, nomeadamente nos últimos 5 anos. Entre elas nomeio:

I. A alteração dos títulos dos transportes públicos em Lisboa e arredores, o que se constitui um caos para quem viajar nos transportes públicos de Lisboa para quem só lá vai muito espaçadamente. É fazer o cartão x, carregar com uma dada quantia de dinheiro e depois disso tudo ainda perder o transporte. Dali a uns tempos, fazer tudo de novo.

II. Chamar bullying ao que é bullying e ao que não é bullying.

III. Cantoras fizerem videoclips todas nuas.

IV. Reproduzir na realidade isto.

V. Achar piada a concorrentes de reality shows.

VI. O uso da expressão "não me assiste".

VII. O uso da expressão "sair da zona de conforto".

VIII. Partilhar no facebook coisas que não interessam a ninguém.

IX. A profusão de comentadores políticos, desportivos, económicos, etc.

X. A bola bate no braço do defesa. Quanto mais perto da baliza for, maior é a probabilidade de ser assinalado penalty.
O jogador entra na área, desequilibra-se e cai. O árbitro mostra-lhe o cartão amarelo porque de cada vez que um jogador cai na área ou é penalty ou é simulação.

XI. Bonecos horrorosos (vulgarmente conhecidos como memes) que instigam as pessoas a serem mal-educadas.

XII. Uma tara qualquer pelo actor Chuck Norris.

XIII. Reportagens sobre pessoas que ficaram desempregadas e passaram a cavar a terra ou a costurar e dão a entender que vivem numa boa. "Venceram" a crise, enquanto todos os outros que não fazem o mesmo continuam a ser uns inúteis.

XIV. Ter preocupação e orgulho em aplicar o Acordo Ortográfico de 1990.

XV. Passar por situações do género "a montanha pariu um rato" e afirmar depois "EU SOBREVIVI".

XVI. Calças muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito descaídas.

XVII. Crateras nas orelhas.

XVIII. Achar que não faz sentido festejar qualquer conquista (sobretudo desportiva), aplicando o argumento "O povo quer é isto e devia era preocupar-se com a crise".

XIX. Tipo.

XX. Ask.fm

XXI: "Calme" e "pere".

XXII: Músicas que só são famosas por soarem em anúncios de operadoras de telemóveis.


Estou disponível para outros contributos.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O lado negro do Ensino Superior

Praxes académicas: finalmente o país todo passou a discutir este assunto, em vez de serem só os intervenientes nesses rituais satânicos.
Pelo que me é dado a entender, a população em geral está contra a existência de praxes, pelo que à partida seria fácil acabar com elas.
Mas também me parece que a maior parte da população universitária é favorável. Já deu para perceber que o povo português gosta muito do Carnaval; antigamente só o Carnaval é que era Carnaval, mas agora o Halloween também já serve para Carnaval, o Natal também já tem o seu quê de carnavalesco, a passagem de ano (solar) é Carnaval e agora apareceu outro Carnaval: as Colour Run. Então se tivermos mais uma oportunidade para fazermos figuras que só faríamos nas ocasiões citadas, para quê recusar? O mais curioso é que os estudantes se sujeitam a figuras que nem nas outras datas se sujeitariam a fazer: suponhamos que eram obrigados a transportar uma placa com uma seta apontada ao ânus com a inscrição "ENTRADA LIVRE" em qualquer outro contexto que não o da praxe. O que fariam? Insurgir-se-iam e deixaria de haver desemprego na advocacia. Se a maioria dos estudantes enfrentasse o lado negro das universidades, de certeza que a questão se resolveria rapidamente.
As praxes até teriam a sua piada se envolvessem situações mais rocambolescas. Acho que seria bem interessante ver um grupo de estudantes a passar junto do Ministério das Finanças a berrar "UMA VERGONHA! UMA VERGONHA! SÃO UMA VERGOOOOONHA! VOCÊS SÃO UMA VERGOOOOOONHA", ou a entrarem no metro e a dizerem em uníssono "Tenha a bondade de m'assliare", chegarem ao pé do Estádio José de Alvalade XXI e fingirem que faziam chichi contra a parede, colocarem uma placa à entrada da Assembleia da República com a inscrição "DOMVS MALEFACTORVM"; no Porto fazerem o mesmo no Estádio do Dragão, com a expressão "DOMVS CORRUPTIONIS", ou cantarem "Ehh, sou benfiquista, com muito orgulho, com muito amoooooooor!". E, no país todo, levarem uma máscara de Cavaco Silva com uma bandeira de Portugal de pernas para o ar.