Tête de la course: uma das primeiras expressões que aprendi em francês, talvez até a primeira, ainda bem antes de ter Francês na escola e fruto do meu constante e apaixonado acompanhamento da Volta à França em ciclismo.
O leitor mais velho talvez se lembre de que quando via imagens de eventos desportivos no estrangeiro as indicações apareciam sempre na língua em original: na fórmula 1, por exemplo, no GP de Itália aparecia "5 giri al termine", no ténis era "Avantage [jogador]" e "Égalité" em Roland Garros, nos jogos da selecção nacional as informações também eram sempre dadas na língua do país onde se disputava o jogo.
Mas no ciclismo esta "tradição" foi permanecendo até à segunda década do século XXI. O seguidor do ciclismo habituou-se a ver expressões - todas com o mesmo significado - como tête de la course, testa di corsa, cabeza di carrera, kop van de wedstrijd, lasterketa burua, spitze ou, com a Volta à Polónia, ucieczka.
A pressão da globalização leva a que o esmagador inglês se imponha em todos os contextos e limite a diversidade linguística. Infelizmente...
segunda-feira, 7 de abril de 2014
segunda-feira, 17 de março de 2014
Crimeia
Pela primeira vez, que me lembre, estamos a assistir à submissão de um povo de um país a outro estado... por dinheiro - ou melhor, pela expectativa de passar a ter mais dinheiro.
É evidente que a Crimeia não pode passar para a Rússia por dá cá aquela palha, com um referendo feito em cima do joelho e com uma intenção tendenciosa.
Agora vejamos: toda a comunidade internacional condena o que se passa na Ucrânia, mas quando foi no caso do Kosovo uma série de países da União Europeia e os Estados Unidos correram a reconhecer a independência desta quase nação.
O que a Rússia faz na Crimeia é o mesmo que se passa na Ossétia do Sul, um estado de facto dentro da Geórgia cujo "sonho" é ser russo.
E estamos para ver como será na Abkhazia, na Transnístria... E se fossem o País Basco ou a Catalunha? Já achavam piada às declarações unilaterais de independência?
É evidente que a Crimeia não pode passar para a Rússia por dá cá aquela palha, com um referendo feito em cima do joelho e com uma intenção tendenciosa.
Agora vejamos: toda a comunidade internacional condena o que se passa na Ucrânia, mas quando foi no caso do Kosovo uma série de países da União Europeia e os Estados Unidos correram a reconhecer a independência desta quase nação.
O que a Rússia faz na Crimeia é o mesmo que se passa na Ossétia do Sul, um estado de facto dentro da Geórgia cujo "sonho" é ser russo.
E estamos para ver como será na Abkhazia, na Transnístria... E se fossem o País Basco ou a Catalunha? Já achavam piada às declarações unilaterais de independência?
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
Portugal e os Jogos Olímpicos de Inverno
Começam hoje na estância balnear (!) russa de Soči os Jogos Olímpicos de Inverno.
Portugal estará representado por dois atletas, os luso-descendentes Camille Dias e Arthur Hanse; a primeira não fala português, o segundo não sei. Ambos participarão no esqui alpino.
Estará Portugal condenado a ser uma eterna nulidade nos Jogos Olímpicos de Inverno? Eu creio que não, porque em teoria há uma série de modalidades nas quais Portugal poderia um dia obter classificações de destaque.
Quando pensamos em desportos de inverno, os países que nos vêm à cabeça são estes: Alemanha, Rússia, Canadá, Estados Unidos, Noruega, Suécia, Finlândia, Suíça, Áustria e Itália e França. Em todos estes países, como se sabe cai muita neve. E se formos aos desportos de inverno que se disputam na neve, estes países ainda se destacam mais. Portanto, não é crível que surjam resultados de relevo em desportos como o esqui alpino, o snowboard, o esqui de fundo, o combinado nórdico e o biatlo.
Mas há desportos no gelo e há desportos em que o factor neve não é tão decisivo.
Nos saltos de esqui a perícia está no salto em si, e não no facto de se saber pôr os esquis na neve. Eles nem andam...
O gelo é muito mais fácil de arranjar que a neve. Ciclicamente surgem notícias sobre pistas de gelo um pouco por todo o país, para pura recreação. Mas daí podem surgir patinadores de velocidade e patinagem artística (já os há, mas sem gelo) ou equipas de curling. Hóquei no gelo já tenho mais dúvidas, mas como parece que há gente que gosta mais da NHL do que de hóquei em patins...
O que disse sobre os saltos de esqui também se aplica ao skeleton, ao luge e ao bobsleigh: dependem mais da perícia do atleta (ou da equipa) do que do facto de ser no gelo.
Vamos ver o que acontece. Às vezes surgem fenómenos...
Portugal estará representado por dois atletas, os luso-descendentes Camille Dias e Arthur Hanse; a primeira não fala português, o segundo não sei. Ambos participarão no esqui alpino.
Estará Portugal condenado a ser uma eterna nulidade nos Jogos Olímpicos de Inverno? Eu creio que não, porque em teoria há uma série de modalidades nas quais Portugal poderia um dia obter classificações de destaque.
Quando pensamos em desportos de inverno, os países que nos vêm à cabeça são estes: Alemanha, Rússia, Canadá, Estados Unidos, Noruega, Suécia, Finlândia, Suíça, Áustria e Itália e França. Em todos estes países, como se sabe cai muita neve. E se formos aos desportos de inverno que se disputam na neve, estes países ainda se destacam mais. Portanto, não é crível que surjam resultados de relevo em desportos como o esqui alpino, o snowboard, o esqui de fundo, o combinado nórdico e o biatlo.
Mas há desportos no gelo e há desportos em que o factor neve não é tão decisivo.
Nos saltos de esqui a perícia está no salto em si, e não no facto de se saber pôr os esquis na neve. Eles nem andam...
O gelo é muito mais fácil de arranjar que a neve. Ciclicamente surgem notícias sobre pistas de gelo um pouco por todo o país, para pura recreação. Mas daí podem surgir patinadores de velocidade e patinagem artística (já os há, mas sem gelo) ou equipas de curling. Hóquei no gelo já tenho mais dúvidas, mas como parece que há gente que gosta mais da NHL do que de hóquei em patins...
O que disse sobre os saltos de esqui também se aplica ao skeleton, ao luge e ao bobsleigh: dependem mais da perícia do atleta (ou da equipa) do que do facto de ser no gelo.
Vamos ver o que acontece. Às vezes surgem fenómenos...
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
Palermices dos últimos cinco anos
Certamente o leitor já deu conta de certas modas, umas mais passageiras que outras, que só tornaram ridículos todos aqueles que delas fizeram uso, nomeadamente nos últimos 5 anos. Entre elas nomeio:
I. A alteração dos títulos dos transportes públicos em Lisboa e arredores, o que se constitui um caos para quem viajar nos transportes públicos de Lisboa para quem só lá vai muito espaçadamente. É fazer o cartão x, carregar com uma dada quantia de dinheiro e depois disso tudo ainda perder o transporte. Dali a uns tempos, fazer tudo de novo.
II. Chamar bullying ao que é bullying e ao que não é bullying.
III. Cantoras fizerem videoclips todas nuas.
IV. Reproduzir na realidade isto.
V. Achar piada a concorrentes de reality shows.
VI. O uso da expressão "não me assiste".
VII. O uso da expressão "sair da zona de conforto".
VIII. Partilhar no facebook coisas que não interessam a ninguém.
IX. A profusão de comentadores políticos, desportivos, económicos, etc.
X. A bola bate no braço do defesa. Quanto mais perto da baliza for, maior é a probabilidade de ser assinalado penalty.
O jogador entra na área, desequilibra-se e cai. O árbitro mostra-lhe o cartão amarelo porque de cada vez que um jogador cai na área ou é penalty ou é simulação.
XI. Bonecos horrorosos (vulgarmente conhecidos como memes) que instigam as pessoas a serem mal-educadas.
XII. Uma tara qualquer pelo actor Chuck Norris.
XIII. Reportagens sobre pessoas que ficaram desempregadas e passaram a cavar a terra ou a costurar e dão a entender que vivem numa boa. "Venceram" a crise, enquanto todos os outros que não fazem o mesmo continuam a ser uns inúteis.
XIV. Ter preocupação e orgulho em aplicar o Acordo Ortográfico de 1990.
XV. Passar por situações do género "a montanha pariu um rato" e afirmar depois "EU SOBREVIVI".
XVI. Calças muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito descaídas.
XVII. Crateras nas orelhas.
XVIII. Achar que não faz sentido festejar qualquer conquista (sobretudo desportiva), aplicando o argumento "O povo quer é isto e devia era preocupar-se com a crise".
XIX. Tipo.
XX. Ask.fm
XXI: "Calme" e "pere".
XXII: Músicas que só são famosas por soarem em anúncios de operadoras de telemóveis.
Estou disponível para outros contributos.
I. A alteração dos títulos dos transportes públicos em Lisboa e arredores, o que se constitui um caos para quem viajar nos transportes públicos de Lisboa para quem só lá vai muito espaçadamente. É fazer o cartão x, carregar com uma dada quantia de dinheiro e depois disso tudo ainda perder o transporte. Dali a uns tempos, fazer tudo de novo.
II. Chamar bullying ao que é bullying e ao que não é bullying.
III. Cantoras fizerem videoclips todas nuas.
IV. Reproduzir na realidade isto.
V. Achar piada a concorrentes de reality shows.
VI. O uso da expressão "não me assiste".
VII. O uso da expressão "sair da zona de conforto".
VIII. Partilhar no facebook coisas que não interessam a ninguém.
IX. A profusão de comentadores políticos, desportivos, económicos, etc.
X. A bola bate no braço do defesa. Quanto mais perto da baliza for, maior é a probabilidade de ser assinalado penalty.
O jogador entra na área, desequilibra-se e cai. O árbitro mostra-lhe o cartão amarelo porque de cada vez que um jogador cai na área ou é penalty ou é simulação.
XI. Bonecos horrorosos (vulgarmente conhecidos como memes) que instigam as pessoas a serem mal-educadas.
XII. Uma tara qualquer pelo actor Chuck Norris.
XIII. Reportagens sobre pessoas que ficaram desempregadas e passaram a cavar a terra ou a costurar e dão a entender que vivem numa boa. "Venceram" a crise, enquanto todos os outros que não fazem o mesmo continuam a ser uns inúteis.
XIV. Ter preocupação e orgulho em aplicar o Acordo Ortográfico de 1990.
XV. Passar por situações do género "a montanha pariu um rato" e afirmar depois "EU SOBREVIVI".
XVI. Calças muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito descaídas.
XVII. Crateras nas orelhas.
XVIII. Achar que não faz sentido festejar qualquer conquista (sobretudo desportiva), aplicando o argumento "O povo quer é isto e devia era preocupar-se com a crise".
XIX. Tipo.
XX. Ask.fm
XXI: "Calme" e "pere".
XXII: Músicas que só são famosas por soarem em anúncios de operadoras de telemóveis.
Estou disponível para outros contributos.
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
O lado negro do Ensino Superior
Praxes académicas: finalmente o país todo passou a discutir este assunto, em vez de serem só os intervenientes nesses rituais satânicos.
Pelo que me é dado a entender, a população em geral está contra a existência de praxes, pelo que à partida seria fácil acabar com elas.
Mas também me parece que a maior parte da população universitária é favorável. Já deu para perceber que o povo português gosta muito do Carnaval; antigamente só o Carnaval é que era Carnaval, mas agora o Halloween também já serve para Carnaval, o Natal também já tem o seu quê de carnavalesco, a passagem de ano (solar) é Carnaval e agora apareceu outro Carnaval: as Colour Run. Então se tivermos mais uma oportunidade para fazermos figuras que só faríamos nas ocasiões citadas, para quê recusar? O mais curioso é que os estudantes se sujeitam a figuras que nem nas outras datas se sujeitariam a fazer: suponhamos que eram obrigados a transportar uma placa com uma seta apontada ao ânus com a inscrição "ENTRADA LIVRE" em qualquer outro contexto que não o da praxe. O que fariam? Insurgir-se-iam e deixaria de haver desemprego na advocacia. Se a maioria dos estudantes enfrentasse o lado negro das universidades, de certeza que a questão se resolveria rapidamente.
As praxes até teriam a sua piada se envolvessem situações mais rocambolescas. Acho que seria bem interessante ver um grupo de estudantes a passar junto do Ministério das Finanças a berrar "UMA VERGONHA! UMA VERGONHA! SÃO UMA VERGOOOOONHA! VOCÊS SÃO UMA VERGOOOOOONHA", ou a entrarem no metro e a dizerem em uníssono "Tenha a bondade de m'assliare", chegarem ao pé do Estádio José de Alvalade XXI e fingirem que faziam chichi contra a parede, colocarem uma placa à entrada da Assembleia da República com a inscrição "DOMVS MALEFACTORVM"; no Porto fazerem o mesmo no Estádio do Dragão, com a expressão "DOMVS CORRUPTIONIS", ou cantarem "Ehh, sou benfiquista, com muito orgulho, com muito amoooooooor!". E, no país todo, levarem uma máscara de Cavaco Silva com uma bandeira de Portugal de pernas para o ar.
Pelo que me é dado a entender, a população em geral está contra a existência de praxes, pelo que à partida seria fácil acabar com elas.
Mas também me parece que a maior parte da população universitária é favorável. Já deu para perceber que o povo português gosta muito do Carnaval; antigamente só o Carnaval é que era Carnaval, mas agora o Halloween também já serve para Carnaval, o Natal também já tem o seu quê de carnavalesco, a passagem de ano (solar) é Carnaval e agora apareceu outro Carnaval: as Colour Run. Então se tivermos mais uma oportunidade para fazermos figuras que só faríamos nas ocasiões citadas, para quê recusar? O mais curioso é que os estudantes se sujeitam a figuras que nem nas outras datas se sujeitariam a fazer: suponhamos que eram obrigados a transportar uma placa com uma seta apontada ao ânus com a inscrição "ENTRADA LIVRE" em qualquer outro contexto que não o da praxe. O que fariam? Insurgir-se-iam e deixaria de haver desemprego na advocacia. Se a maioria dos estudantes enfrentasse o lado negro das universidades, de certeza que a questão se resolveria rapidamente.
As praxes até teriam a sua piada se envolvessem situações mais rocambolescas. Acho que seria bem interessante ver um grupo de estudantes a passar junto do Ministério das Finanças a berrar "UMA VERGONHA! UMA VERGONHA! SÃO UMA VERGOOOOONHA! VOCÊS SÃO UMA VERGOOOOOONHA", ou a entrarem no metro e a dizerem em uníssono "Tenha a bondade de m'assliare", chegarem ao pé do Estádio José de Alvalade XXI e fingirem que faziam chichi contra a parede, colocarem uma placa à entrada da Assembleia da República com a inscrição "DOMVS MALEFACTORVM"; no Porto fazerem o mesmo no Estádio do Dragão, com a expressão "DOMVS CORRUPTIONIS", ou cantarem "Ehh, sou benfiquista, com muito orgulho, com muito amoooooooor!". E, no país todo, levarem uma máscara de Cavaco Silva com uma bandeira de Portugal de pernas para o ar.
quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
Eusébio
Esta mensagem não se destina propriamente a comentar o falecimento de Eusébio, até porque sobre isso já tudo foi dito e as homenagens foram justas e estiveram à altura do Pantera Negra.
1. Queria era debruçar-me sobre o comportamento de algumas pessoas:
Luís Filipe Vieira: é um nabo como dirigente desportivo, mas vê-se que é alguém que sentiu muito a morte de Eusébio e esteve irrepreensível até ao funeral. O problema foi a partir daí: logo na noite do funeral, o anúncio de que em 2020 "70% do plantel do Benfica será português", e, domingo à tarde, a cartolina (ou lá o que era) que ele exibiu para homenagear Eusébio estava de pernas para o ar, tal como a de António Costa. António Costa deve ter um campo magnético estranhíssimo, pois quem está com ele desata a pôr de pernas para o ar o que deve deixar direito (recorde-se o episódio da bandeira nacional na cerimónia do 5 de Outubro).
Bruno de Carvalho: o rei da selva cumpriu com a sua obrigação moral, mas também não passou daí. Notava-se na sua expressão que achava que estava ali a mais e queria pirar-se o quanto antes.
Pinto da Costa: não esperava que o líder portista comparecesse às cerimónias fúnebres, até porque o seu historial cardíaco é um tanto duvidoso, tal como tudo na sua vida. Qual foi o meu espanto quando a Benfica TV o filmou no domingo a assistir sossegado ao jogo... Não entendo porque é que o Porto não enviou nenhum representante (é que nem um Folha!). E vá lá que o Benfica ganhou o jogo no domingo, porque se perdesse ainda assistiríamos no próximo fim-de-semana a uma inauguração de uma Casa do FC Porto em Leça do Balio ou sítio do género com Pinto da Costa e a sua ironia do costume.
Mário Soares: o país caiu em cima do vetusto político português, embora eu ache que foi claramente embirração. Como Soares não disse o que as pessoas esperavam que dissesse, passou logo a "polémico" (eufeisticamente) e ... (disfemisticamente). Recuperemos as declarações de Soares:
"Fiquei sempre com a ideia de que era um homem muito modesto e muito simpático". Até aqui, tudo bem.
"Foi sempre muito português, depois de deixar de ser futebolista". Também não estou a ver o problema.
"E ele foi uma grande figura de Portugal, isso é evidente. Toda a gente conhecia o Eusébio em toda a parte do mundo". Exactamente.
"Era um homem agradável, um homem bom... com pouca cultura, mas também não se estava à espera que ele fosse um pensador". Eh pá, isto é incrivelmente ofensivo. A minha sorte é que eu conheço algumas pessoas agradáveis e boas, com pouca cultura, e não estou nem nunca estarei à espera que sejam uns pensadores, nem me importo com isso. E o leitor, não conhece?
"Não sabia que ele estava doente, sabia que bebia muito whisky todos os dias, de manhã e à tarde, isso sabia". Quando o Maradona morrer, livrem-se de dizer o que é que ele consumia.
Assunção Esteves: completamente absurdas as suas declarações em relação à trasladação de Eusébio para o Panteão Nacional. (A propósito de Panteão Nacional, deixarei um comentário para o fim da mensagem.) Soares falou em falta de cultura e em whisky, mas a segunda figura do Estado reduziu Eusébio a uma questão de dinheiro. Sintomático.
Adeptos do Porto e do Sporting que homenagearam Eusébio: há portistas e sportinguistas que têm juízo e fair-play. São bons para se ter uma conversa e sabem respeitar e dar-se ao respeito.
Adeptos do Sporting no Estoril - Sporting: o costume.
Adeptos do Porto no Estádio da Luz: a maioria esteve quieta, mas há sempre uns arruaceiros que depois até se esqueceram de mandar tochas para o autocarro do Porto.
Alguns adeptos do Benfica que foram ao Estádio da Luz no dia 5: era uma chicotada nos testículos que vocês viam como é que era. As filas existem para serem respeitadas.
2. O país e os deputados exigem Eusébio no Panteão Nacional. Eu também tenho achado que Eusébio é uma figura maior da nação lusitana, mas resolvi procurar quem está no Panteão Nacional. Ao que consta, de acordo com a lei 28/2000, as honras do Panteão destinam-se a “perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade”.
Aparentemente, segundo estes critérios, Eusébio não pode ir porque não expandiu a cultura portuguesa nem criou literatura, arte ou ciência. O que são serviços prestados ao país? Os de Rui Machete?
Mas voltemos à companhia tumular: esperava eu um Infante D. Henrique, um Eça de Queiroz, um Aristides de Sousa Mendes, mas qual quê: Óscar Carmona (!), Guerra Junqueiro (o leitor sabe quem foi? Eu por acaso até sei), João de Deus (não confundir com o treinador do Gil Vicente - ah, outro que esperava encontrar, o Gil Vicente dramaturgo) e Sidónio Pais!
É que para ter esses colegas se calhar mais vale ficar onde está.
Descanse em paz.
1. Queria era debruçar-me sobre o comportamento de algumas pessoas:
Luís Filipe Vieira: é um nabo como dirigente desportivo, mas vê-se que é alguém que sentiu muito a morte de Eusébio e esteve irrepreensível até ao funeral. O problema foi a partir daí: logo na noite do funeral, o anúncio de que em 2020 "70% do plantel do Benfica será português", e, domingo à tarde, a cartolina (ou lá o que era) que ele exibiu para homenagear Eusébio estava de pernas para o ar, tal como a de António Costa. António Costa deve ter um campo magnético estranhíssimo, pois quem está com ele desata a pôr de pernas para o ar o que deve deixar direito (recorde-se o episódio da bandeira nacional na cerimónia do 5 de Outubro).
Bruno de Carvalho: o rei da selva cumpriu com a sua obrigação moral, mas também não passou daí. Notava-se na sua expressão que achava que estava ali a mais e queria pirar-se o quanto antes.
Pinto da Costa: não esperava que o líder portista comparecesse às cerimónias fúnebres, até porque o seu historial cardíaco é um tanto duvidoso, tal como tudo na sua vida. Qual foi o meu espanto quando a Benfica TV o filmou no domingo a assistir sossegado ao jogo... Não entendo porque é que o Porto não enviou nenhum representante (é que nem um Folha!). E vá lá que o Benfica ganhou o jogo no domingo, porque se perdesse ainda assistiríamos no próximo fim-de-semana a uma inauguração de uma Casa do FC Porto em Leça do Balio ou sítio do género com Pinto da Costa e a sua ironia do costume.
Mário Soares: o país caiu em cima do vetusto político português, embora eu ache que foi claramente embirração. Como Soares não disse o que as pessoas esperavam que dissesse, passou logo a "polémico" (eufeisticamente) e ... (disfemisticamente). Recuperemos as declarações de Soares:
"Fiquei sempre com a ideia de que era um homem muito modesto e muito simpático". Até aqui, tudo bem.
"Foi sempre muito português, depois de deixar de ser futebolista". Também não estou a ver o problema.
"E ele foi uma grande figura de Portugal, isso é evidente. Toda a gente conhecia o Eusébio em toda a parte do mundo". Exactamente.
"Era um homem agradável, um homem bom... com pouca cultura, mas também não se estava à espera que ele fosse um pensador". Eh pá, isto é incrivelmente ofensivo. A minha sorte é que eu conheço algumas pessoas agradáveis e boas, com pouca cultura, e não estou nem nunca estarei à espera que sejam uns pensadores, nem me importo com isso. E o leitor, não conhece?
"Não sabia que ele estava doente, sabia que bebia muito whisky todos os dias, de manhã e à tarde, isso sabia". Quando o Maradona morrer, livrem-se de dizer o que é que ele consumia.
Assunção Esteves: completamente absurdas as suas declarações em relação à trasladação de Eusébio para o Panteão Nacional. (A propósito de Panteão Nacional, deixarei um comentário para o fim da mensagem.) Soares falou em falta de cultura e em whisky, mas a segunda figura do Estado reduziu Eusébio a uma questão de dinheiro. Sintomático.
Adeptos do Porto e do Sporting que homenagearam Eusébio: há portistas e sportinguistas que têm juízo e fair-play. São bons para se ter uma conversa e sabem respeitar e dar-se ao respeito.
Adeptos do Sporting no Estoril - Sporting: o costume.
Adeptos do Porto no Estádio da Luz: a maioria esteve quieta, mas há sempre uns arruaceiros que depois até se esqueceram de mandar tochas para o autocarro do Porto.
Alguns adeptos do Benfica que foram ao Estádio da Luz no dia 5: era uma chicotada nos testículos que vocês viam como é que era. As filas existem para serem respeitadas.
2. O país e os deputados exigem Eusébio no Panteão Nacional. Eu também tenho achado que Eusébio é uma figura maior da nação lusitana, mas resolvi procurar quem está no Panteão Nacional. Ao que consta, de acordo com a lei 28/2000, as honras do Panteão destinam-se a “perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade”.
Aparentemente, segundo estes critérios, Eusébio não pode ir porque não expandiu a cultura portuguesa nem criou literatura, arte ou ciência. O que são serviços prestados ao país? Os de Rui Machete?
Mas voltemos à companhia tumular: esperava eu um Infante D. Henrique, um Eça de Queiroz, um Aristides de Sousa Mendes, mas qual quê: Óscar Carmona (!), Guerra Junqueiro (o leitor sabe quem foi? Eu por acaso até sei), João de Deus (não confundir com o treinador do Gil Vicente - ah, outro que esperava encontrar, o Gil Vicente dramaturgo) e Sidónio Pais!
É que para ter esses colegas se calhar mais vale ficar onde está.
Descanse em paz.
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